segunda-feira, 4 de agosto de 2008

a verdadeira fonte de felicidade

Semanalmente reponho várias caixas de lenço de papel na mesinha do meu consultório. Meus clientes choram, muitas vezes copiosamente. É comum deparar-me com a tristeza de familiares, gente mais ou menos próxima, anônimos pelas ruas, histórias que me contam: é uma época de aflições essa nossa. As pessoas atormentam-se, desassossegadas sofrem. O que se passa? Por que está difícil dançar em paz a música da vida?
Por todos os lados aquilo que eu poderia chamar de imperativo da felicidade se apresenta, se impõe de maneira muitas vezes brutal, ditatorial e extremada. Diante de nós, sem parar, renovam-se cobranças, vindas das mais diversas fontes, para que não sejamos apenas modestamente felizes, é preciso ser inteiramente feliz, exaustivamente, explosivamente. A felicidade precisa escorrer por todos os poros, preencher todos os milésimos de segundo da existência, coroar cada minúscula experiência e preencher plenamente os cantinhos e frestinhas das nossas vidas. Não basta estar provisoriamente feliz — o que já seria motivo de sobra para comemorarmos e fruirmos —, é preciso ser completamente (friso essa integralidade) feliz. Trata-se de um projeto desequilibrado, anormalmente exigente, impossível de ser levado adiante em suas exigências sem limites, infinitas.
Atualmente desequilibrados, ao invés de buscar uma felicidade de esperança, nos perdemos ao procurá-la desesperadamente. O tal imperativo da felicidade vem regendo nossas vidas, nos confundindo e comprometendo a qualidade do nosso presente e as possibilidades das experiências futuras.
O homem sábio (observem que não me refiro ao inteligente, mas àquele que somou outras etapas), no auge de um processo de evolução espiritual, após aprender as lições que a matéria pode oferecer, cultiva a liberdade mais do que a necessidade. Sua tarefa avança na conquista da unidade e não da diversidade. Seu programa está voltado para a alma e não para o corpo ou para as riquezas perenes de um mundo provisório.
Valorizar a interioridade de si e dos outros, usar as grandes possibilidades que foram outorgadas pela Inteligência Universal para crescer com desapego, aí está a genuína fonte da felicidade, da felicidade digna de assim ser chamada, que deve ser grafada com letras maiúsculas. Tudo mais pelo caminho é equívoco, erro e ilusão. Nosso dever é aprender a progredir corajosamente e sem esmaecer por essa trilha, passo a passo, gota a gota.

Marina Gold/Especial para o Terra

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